O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, comunicou a dirigentes do partido que decidiu deixar o cargo. A decisão do ex-senador, que pediu licença do posto por motivos de saúde, foi tema de conversas entre petistas na manhã desta segunda-feira e já mobilizou os preparativos para um novo processo sucessório dentro da legenda.
O iG apurou que a saída de Dutra foi um dos assuntos de uma reunião entre dirigentes petistas e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na semana retrasada, o ex-senador chegou a dizer a colegas de legenda que voltaria ao trabalho após a Semana Santa. Antes do feriado, entretanto, petistas já demonstravam pouco otimismo sobre a possibilidade de ele de fato retomar suas funções.
Dutra decidiu se licenciar da presidência do PT em março, após sofrer uma crise de hipertensão. O quadro foi agravado por um diagnóstico de depressão. A amigos, o ex-senador vinha se dizendo sobrecarregado pelas atividades de dirigente e demonstrava forte desânimo em relação ao cargo.
Na avaliação de colegas de partido, pesou o fato de Dutra não ter conseguido uma cadeira no Senado, em uma negociação que vinha sendo conduzida desde a eleição do ano passado. Dutra foi coordenador da campanha da presidenta Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto e estudava de início uma candidatura a deputado federal, opção abandonada ainda na época dos preparativos para o pleito. Os planos políticos do petista passaram, então, a se apoiar na possibilidade de ocupar a vaga do senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), na hipótese de ele compor o ministério de Dilma. A indicação não se confirmou.
Substituição
Apesar dos apelos ao presidente do PT, dirigentes da sigla já começaram a discutir sua substituição. O cargo é considerado estratégico para conter as dissidências internas da legenda e evitar que a disputa partidária tenha reflexos no governo federal. Na época em que Dutra foi conduzido ao posto, poucos petistas se ofereceram para exercer a função. Ele sucedeu ao deputado Ricardo Berzoini, que exerceu dois mandatos consecutivos na presidência petista.
O assunto deve entrar nas discussões da próxima reunião do diretório nacional petista, agendada para os dias 29 e 30. Alguns setores da sigla sugerem que o mandato de Dutra seja cumprido até o fim pelo presidente interino Rui Falcão. Outros avaliam que o ideal seria que Falcão permanecesse no posto interinamente por mais 90 dias, para que somente então seja confirmada a saída de Dutra do comando partidário.
Outra opção seria delegar a tarefa de eleger um novo presidente aos 81 membros do diretório nacional. Ainda assim, já começam a circular dentro da legenda propostas para que seja convocado o congresso do PT, o que permitiria ao partido recrutar delegados por todo o País, de forma a ampliar a participação da base no processo de escolha do novo presidente.
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