sábado, 27 de agosto de 2011

Grupo da CNB/PT - PE lança manifesto

Site da Folha de Pernambuco http://www.folhape.com.br/index.php/caderno-politica/660693?task=view

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Rompimento expõe problemas na maior tendência do PT em Pernambuco

GILBERTO PRAZERES

A tendência petista Construindo um Novo Brasil (CNB) está, agora, oficialmente rachada em Pernambuco. On tem, um grupo de 113 militantes da corrente - capitaneados pela deputada estadual Teresa Leitão e pelo ex-presidente do PT, Jorge Perez - assinaram o  manifesto Fortalecer o Projeto Estratégico do PT, formalizando suas saídas, em âmbito local, da tendência que é comandada, no Estado, pelo senador Humberto Costa. “Nós entendemos que a CNB, aqui em Pernambuco, apesar de todo o esforço que nós fizemos e temos feito, não assumiu de fato o projeto dos princípios, a ideologia do debate político, a metodologia da relação com as outras correntes, com outros partidos. Isto não está acontecendo”, explicou Perez.

Apesar do rompimento, o grupo segue alinhado nacionalmente com a corrente. Antes de formalizar a decisão de se desligarem do bloco, Jorge Perez e Teresa Leitão procuraram o coordenador nacional da CNB, Francisco Rocha, o Rochinha. “Nós conversamos com a coordenação nacional, com o Rochinha em particular, dizendo que estávamos formando esse grupo. E nós tivemos, nessa relação direta, o aval. Vamos continuar defendendo os princípios da CNB, as propostas, os projetos, a política que a CNB sempre defendeu”, afirmou Jorge Perez, completando: “A CNB, em Pernambuco, não tem a prática coletiva. A prática coletiva está perdendo espaço”.

Conforme o ex-dirigente, as discussões da tendência têm se resumido aos detentores de mandatos. Perez afirmou que a militância do partido, tantas vezes exaltada como elemento diferenciado do PT, só é lembrada nos discursos proferidos após vitórias eleitorais. “Aqui, dentro da CNB, os mandatos, os gabinetes - a grande maioria deles (executivos e legislativos)  - sobrepõem a CNB, sobrepõem o partido também”, criticou.

Outro aspecto que pesou na decisão do grupo foi o afastamento da corrente dos movimentos sociais e os tão característicos setoriais do partido. “Temos (o grupo dissidente) uma forte relação com quem quer fazer esse debate, que são os movimentos sociais, os setoriais, a organização do PT nos municípios”, indicou Teresa Leitão, frisando que, muitas vezes, por conta dessa postura pouco coletiva da CNB, levou a tendência a assumir uma divisão interna do partido, que é personificada nas figuras de Humberto Costa e do deputado João paulo.

Questionada se esse movimento poderia enfraquecer o PT no âmbito local,  Teresa Leitão disse que não. A parlamentar preferiu focar na oportunidade do fortalecimento da discussão interna. “O problema é local, não temos espaços e perdemos a disputa. E isso é um reconhecimento. Mas não temos o objetivo de fragilizar o partido. Ao contrário. Estamos defendendo essa abertura do debate de forma coletiva. Estamos chamando a militância para recuperar o debate político”, assegurou.

O grupo dissidente da CNB também encampará, entre outras questões, a discussão sobre a construção de candidaturas majoritárias, na eleição do próximo ano, em municípios como Olinda, onde o PT é aliado do prefeito Renildo Calheiros (PCdoB). Com o nome ventilado para a disputa majoritária, a deputada Teresa Leitão defende que a instância estadual da legenda cumpra a determinação do comando nacional de, pelo menos, avaliar a viabilidade de uma postulação em municípios com características similares as de Olinda.

“A prioridade (de disputas) é para onde o PT já governa, para capitais, e para a análise de cidades com mais de 200 mil eleitores, com segundo turno e com guia eleitoral próprio. Analise essa tomada de posição, o que significa? Fortalecimento partidário”, atestou Teresa Leitão, completando: “Qual o contexto de Olinda? É uma aliança. Vale a pena romper essa aliança? É o que a análise vai dizer, se vai pesar mais manter a aliança ou romper com ela. Estamos num momento de análise”, considerou, tendo ao seu lado o vice-prefeito olindense, Horácio Reis.

O ex-presidente Jorge Perez lembrou que o PT já discute candidaturas majoritárias em outros municípios comandados por aliados. “Em Paulista, o governo local é do PSB (prefeito Yves Ribeiro), e o PT vai lançar a candidatura do deputado Sérgio Leite. Por que não em Olinda?”, questionou. Teresa Leitão frisou que cada município precisa ser analisado em separado.

GOVERNO
Ao analisar a possibilidade de possíveis enfrentamentos com aliados em municípios do Estado, Jorge Perez lembrou que o PT é o principal parceiro do PSB em nível estadual, mas faz questão de destacar que os petistas colaboraram bastante para o sucesso do Governo Eduardo Campos. “O PT é o principal aliado do PSB, porque é o PT com o seu governo nacional e sua política nacional que deu as condições para Pernambuco se desenvolver. O que mais se falou no Governo Lula foi que ele olhava de uma forma diferente para Pernambuco. Fazia tudo por Pernambuco. Nós sempre trabalhamos para isso”, concluiu.
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Com o racha na Construindo um Novo Brasil em Pernambuco (CNB), a liderança do senador Humberto Costa na tendência começou a ser questionada, nos bastidores do partido. Contudo os dissidentes da corrente fizeram questão de frisar que esse desligamento não é uma reação contra o parlamentar, nem contra qualquer nome específico da legenda. “Nós não estamos fulanizando, porque não é um problema de uma pessoa só. O problema é como a CNB faz o debate político aqui. Esse movimento não tem o objetivo de fragilizar nenhuma liderança. Não tem o objetivo de tirar força. É o contrário. O objetivo é recolocar o debate sobre o fortalecimento do planejamento estratégico. Nós não estamos rompendo com fulano, com sicrano, com beltrano”, garantiu Jorge Perez.

Para afastar a possibilidade de uma divisão motivada pela reprovação à liderança de Humberto Costa, Teresa Leitão revelou que o grupo que está deixando a CNB já projetava esse movimento antes do processo eleitoral do ano passado. No entanto, para não prejudicar os objetivos do partido que incluíam, inclusive, a eleição de Humberto no Senado. “Nós tivemos todo o cuidado, de esperar a eleição passar para nos organizarmos mais efetivamente. Nós tínhamos um projeto importante para o PT, a eleição estadual e a eleição nacional. Tínhamos a eleição de Dilma (Rousseff), a reeleição do governador Eduardo Campos (PSB) e a eleição de Humberto Costa”, disse.

Teresa explicou que o grupo também esperou a consolidação de uma discussão interna antes de externar publicamente seu desejo de sair da CNB. “A gente demorou tanto a expor porque queria, primeiro, colocar para dentro do partido. Todas as lideranças do PT foram conversadas por alguns de nós”, contou a deputada, destacando que Humberto Costa foi procurado pelo grupo no dia 9 deste mês.







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